ABNA Brasil: relata que o enchimento do mundo de injustiça não implica que todos os indivíduos se tornarão opressores e transgressores, mas que a difusão da injustiça ocorre quando o sistema de arrogância global domina os povos e tenta construir uma ordem mundial unificada baseada na descrença (1).
A partir da última declaração oficial do Imam Khomeini (r.a.) sobre a necessidade de resistência diante da ofensiva militar, política e cultural das potências opressoras, pode-se compreender que o rosto da escuridão final — aquele com que os crentes devem confrontar-se no fim dos tempos — manifesta-se na cultura imperialista do Ocidente.
Pode-se afirmar que o mundo atual, moldado pela cultura da modernidade, representa essa escuridão do final dos tempos, pois o ser humano, com todos os seus desejos, foi colocado no lugar de Deus, tornando-se o critério de verdade e falsidade. As leis divinas encontram-se veladas, e essa situação caracteriza o domínio da cultura humanista secular.
Dado que a modernidade carrega consigo todos os véus que ocultam a verdade e reuniu todas as formas possíveis de injustiça em sua plenitude, cabe aos muçulmanos empenharem-se em autotransformação e transformação social, rejeitando essa cultura e preparando-se para o grande cumprimento da promessa divina (2).
Sinais e condições do aparecimento
O enchimento do mundo de injustiça é um sinal, e não uma condição do aparecimento.
Os sinais são acontecimentos dispersos que ocorrem após o início da Ocultação e antes do surgimento do Imam Mahdi (a.j.). Esses sinais não possuem relação causal direta com o aparecimento (3) e, portanto, o ser humano não tem responsabilidade direta perante eles.
Já as condições do aparecimento são acontecimentos que preparam concretamente o terreno para o surgimento e ocorrem próximos ao seu momento. Estas possuem relação direta com a manifestação do Imam (4).
Assim, embora o enchimento do mundo de injustiça seja considerado um sinal, ele não garante o aparecimento, nem significa que ele ocorrerá automaticamente.
Ademais, mesmo nesse período de intensa corrupção, nenhuma obrigação religiosa é anulada. Os crentes, especialmente os que aguardam o Imam, devem intensificar sua autotransformação e trabalhar para preparar a sociedade para sua vinda (5).
O aparecimento possui um caráter condicional e flexível: quanto mais a sociedade se purificar, quanto mais as pessoas se dedicarem à autotransformação e às boas ações, mais próximo estará o surgimento. Caso contrário, ele será adiado (6).
Portanto, o tempo do aparecimento não é completamente fixo; depende das ações humanas, do preparo espiritual e da disposição coletiva de acolher o Imam.
Conclusão: injustiça global significa domínio de sistemas opressores, não multiplicação de tiranos
O enchimento do mundo com injustiça não significa multiplicação de indivíduos opressores. Isso ocorre quando leis injustas, sistemas hegemônicos e a dominação cultural, econômica e militar de potências arrogantes se impõem aos povos — enquanto os mesmos tiranos, sob o pretexto de “direitos humanos” e “liberdade”, cometem todo tipo de opressão.
O enchimento do mundo de injustiça é apenas um dos sinais, e um sinal não determina o aparecimento. Com o aumento da injustiça, a responsabilidade dos que aguardam o Imam torna-se ainda maior: autotransformação, preparo espiritual e ação coletiva para construir as condições de acolhimento (7).
Quanto maior for a preparação da comunidade para auxiliar o Imam, maior será a probabilidade de que o aparecimento esteja próximo.
Referências
(1) Asghar Taherzadeh (1389), Jāygāh va Ma‘ni-ye Vāsete-ye Fayz, Isfahan: Lobb al-Mizan, pp. 160, 223.
(2) Imam Khomeini, Sahifeh-ye Imam, vol. 21, Tehran: Institute for Compilation and Publication of Imam Khomeini’s Works, p. 325.
(3) Ali-Asghar Rezvani (1393), Alā’em-e Zohoor, Qom: Mosque of Jamkaran, p. 16.
(4) Rasoul Razavi (1384), Imam Mahdi (a), Qom: Seminary Management Center, p. 123.
(5) Research Institute for Islamic Studies (1386), Farhang-e Shia, Qom: Zamzam-e Hedayat, p. 299.
(6) Alireza Nodehi (1385), Nazariye-ye Ekhtiyāri Budan-e Zohoor, Tehran: Mo’oud-e Asr, p. 25.
(7) Hossein Awsati (1386), Davāzdah Goftār Darbareh-ye Hazrat Mahdi (a), Tehran: Mash‘ar, p. 219.
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